sábado, 20 de fevereiro de 2021

inFortunium

Hoje eu acendi um cigarro e apreciei o seu gosto

Acendi porque queria matar alguma parte em mim

Mais uma vez me abandonei no caos que eu sou

Não posso tentar te salvar, porque nunca consegui comigo

Me vi afundar tantas vezes e virei as costas

Andei tanto e acreditei que sabia me guiar

Mas a verdade é que apenas criei mentiras como um familiar.

 

Toda vez que penso em tudo isso,

Percebo que nunca criei raízes

Eu sou apenas galhos de madeira seca

Seca e oca

Por isso, não posso te ajudar.

 

Continuo buscando por alguma coisa real

Nunca a encontro

Parece que guardei tão bem que esqueci seu esconderijo

Eu me flagelo por qualquer um

E agora me torturo por você

E você se tortura por alguém que não sou eu

Por uma dor que eu não causei.

 

Não são culpa sua as minhas ilusões

Meus sonhos são como teias de aranha

Quanto mais tento me desvencilhar, mais eu me prendo

E ao notar, se converteram em pesadelos aqui dentro

E as paredes da minha casa não podem me proteger

As sombras estão aqui.

 


Minha maior inimiga sou eu

Tenho total consciência de tudo

E me permito me perder sempre no mesmo erro.

 

A lógica nunca fez sentido para mim

Mas jamais me deixei ser sentimental

A consciência me prega peças comuns

Tão racionais sem qualquer explicação

Penso tanto e calculo cada centímetro de chão

E tolero que o meu pecado de estimação me acompanhe 

Valorizando sentimentos que não nascem no meu coração

Rejeitando a minha própria trajetória.

 

Eu quero desistir

E agora estou um pouco mais sozinha

Uma das cordas que me prendiam se partiu

E eu não posso remendar as suas pontas, porque não vejo mais o cais.

 

Sombras me cercam enquanto eu durmo

As sinto, mas não as vejo

Apenas esperam que eu dê atenção às suas vozes

Elas me chamam e eu rezo para se afastarem

Mas se vêm de mim, como vão embora?

Vivem na minha mente e se alimentam do meu coração

Parece que eu não tenho futuro.

 


As Moiras brincam e se divertem com o meu destino

Não devia ter dado esse poder a elas

E as sombras apagam o que eu ergui

E vejo desmoronar as minhas muralhas

Tão indefesas.

 

Tento me equilibrar em um único alicerce, pois o outro se partiu

Apenas pude assistir enquanto ruía

E se desfez metade do significado de tudo

Virou poeira na minha existência.

 

Meus olhos ainda me traem

Porque metade de mim não tem mais futuro. 

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